Do litoral de SP aos grandes palcos: baterista conquista plateias junto com Alexandre Pires e Maroon 5
Baixada em Pauta: Daniel Cardoso, baterista e produtor musical, é o convidado da semana Palco lotado, estádio vibrando, plateia internacional. Aos 40 anos, o ...
Baixada em Pauta: Daniel Cardoso, baterista e produtor musical, é o convidado da semana Palco lotado, estádio vibrando, plateia internacional. Aos 40 anos, o baterista e produtor musical santista Daniel Cardoso já viveu cenas que muitos artistas só imaginam. Tocou com nomes como Benito de Paula, Belo e Alexandre Pires, com quem segue até hoje. Já encarou 65 mil pessoas no Allianz Parque e, no Chile, viveu uma noite inesquecível: estava na bateria quando o Maroon 5 abriu o show para Alexandre. “Somente a banda que abriu o show da gente foi o Maroon 5. […] O Alexandre lá no Chile é Roberto Carlos, irmão”, disse durante bate-papo com os jornalistas Matheus Müller e Luiz Linna no podcast Baixada em Pauta. ✅Clique aqui para seguir o canal do g1 Santos no WhatsApp. Mas nem sempre a vida do artista é feita só de aplausos. Daniel também enfrentou momentos difíceis, especialmente durante uma turnê com o cantor Belo, que o fez repensar sua trajetória. “Aconteceram algumas coisas bem desagradáveis que culminaram até em eu pensar em abandonar a música”, contou. A virada veio em 2018, quando foi convidado por Alexandre Pires para integrar a banda na turnê Baile do Nego Velho. Desde então, segue firme ao lado do cantor, em projetos que o levaram a palcos nacionais e internacionais. O reencontro com a música aconteceu de forma marcante em Curitiba (PR), no Teatro Positivo. Era seu primeiro show com Alexandre após o período turbulento. Ao ver o teatro lotado e sentir a energia do público, Daniel se emocionou. “Eu comecei a chorar, falei: ‘Mano, cara, Deus é muito bom, velho. Deus é muito bom.’” Foi ali que ele teve certeza de que estava no lugar certo, e que a música ainda tinha muito a oferecer. Quem é Daniel Cardoso Daniel Cardoso, baterista Reprodução/Redes Sociais Daniel, de 40 anos, começou a se interessar por música ainda criança, aos seis anos, quando parava em frente às lojas do shopping para ver os instrumentos e ouvir música. Pediu à mãe para aprender bateria e teve sua primeira aula na WK, uma das pioneiras em instrumentos na cidade. Quando sentou pela primeira vez na bateria, sentiu que estava em casa. Apesar de uma breve tentativa de seguir carreira no futebol, aos 14 anos decidiu que queria ser músico. Desde então, nunca mais parou. Trabalhou em diversos empregos, de call center a entregador de material de construção, enquanto tocava à noite em bares e eventos da região. A música era o plano B que aos poucos virou plano A. A virada veio quando decidiu se dedicar exclusivamente à música. Tocou por seis anos com o grupo De Jeito Maneira, depois atuou como freelancer em Santos e São Paulo. Foi indicado por Fabinho Vioto, baterista do Thiaguinho, para acompanhar Benito de Paula, seu primeiro trabalho de grande expressão. A partir daí, vieram outros nomes de peso: Inimigos da HP, Belo e, desde 2018, Alexandre Pires. Daniel também recebeu apoio de Bruno Graveto, baterista do Charlie Brown Jr., com quem cresceu tocando. A rede de apoio e os encontros certos foram fundamentais para que ele construísse uma carreira sólida e respeitada no cenário nacional. A vida na estrada Daniel descreve sua rotina como trabalho com logística. Geralmente, segundo ele, sai de Santos às quintas, faz shows sexta a domingo e retorna na segunda. Daniel Cardoso, baterista, durante apresentação com Alexandre Pires no programa Altas Horas Reprodução/Redes Sociais Na hora do show, tudo vira prazer, mas o deslocamento constante exige preparo físico e emocional. Apesar da correria, não abre mão de morar em Santos, onde diz encontrar paz e qualidade de vida. O maior desafio hoje é a distância da família. Daniel contou que já acompanhou festas escolares e datas importantes da filha por videochamada, chorando do outro lado da tela. Disse que sua esposa, parceira de longa data, entende sua rotina e o apoia em tudo. “Ela é muito parceira, cara". O impacto da pandemia Segundo Daniel, a pandemia foi um divisor de águas. Os shows pararam de um dia para o outro, e Daniel precisou se reinventar. Reabriu seu estúdio, passou a dar aulas de bateria e fez curso de locução. A crise trouxe dor, mas também reconexão com a família e novos caminhos profissionais. Ele destacou que o músico não pode depender de uma única fonte de renda. A pandemia mostrou que todos estavam no mesmo barco, independentemente do tamanho do cachê. A lição foi clara: é preciso se adaptar e diversificar. Bastidores e TV Uma das histórias mais divertidas aconteceu nos bastidores do Domingão com Huck, da Globo. Daniel imitou o famoso bordão “Loucura, loucura, loucura!” para o apresentador e acabou sendo chamado ao vivo por Luciano Huck. Daniel Cardoso, baterista, com Luciano Huck durante apresentação do SPC Reprodução/Redes Sociais Apesar de já ter tocado para 65 mil pessoas no Allianz Parque, ele afirma que o frio na barriga na TV ao vivo é maior. Os programas exigem versões reduzidas das músicas e tiram os músicos da zona de conforto. Ainda assim, Daniel adora participar e reconhece o valor da vitrine que esses espaços oferecem. Ego e mercado musical O músico também falou sobre os desafios do mercado. Segundo ele, o ego ainda é um obstáculo. Há quem veja a música como competição, o que prejudica o ambiente de trabalho. Daniel defende que o ego deve servir para valorização pessoal, não para rivalidade. Ele aconselha os iniciantes a construírem sua identidade com consistência. “Todo dia botar um tijolinho ali, uma hora sua parede, sua casa vai estar fundada.” O artista contou que a música exige dedicação, paciência, resiliência, e, acima de tudo, respeito ao próprio processo.